domingo, 1 de março de 2015

Xeque-mate



A vida era um tabuleiro de xadrez, organizado, cada peça em seu devido lugar, pronto para uma partida a qualquer momento. Eis que então, não sei se fora convidado ou uma visita indesejada, um rival diferente sentou-se à mesa. Só que ele não queria jogar. Não estava interessado no fluxo, na ordem. Bagunçou o tabuleiro, desordenou as peças. Algumas foram até lançadas para fora da arena. E por mais que tentasse iniciar uma partida, era impossível. O jogo estava incompleto e fora do lugar. Algumas tímidas tentativas de colocar algumas peças no lugar foram imediatamente frustradas com a pesada mão do adversário. 

E assim ficou, por muito tempo...

Ignorar a presença dele de nada adiantou. Ele estava lá, às vezes silencioso, porém contemplativo. Em outras ocasiões era tão incomodo, que seus movimentos faziam tudo tremer, ameaçando derrubar mais peças. Assustá-lo também fora em vão. Ele reagia a todas as tentativas e conseguia contornar a situação, permamecendo sentado em sua cadeira. Algum tempo depois, sua presença já era até tolerada, falsamente tolerada assim por dizer. Era cômodo, mais fácil não reagir e apenas aceitar...

Cada vez que uma peça era erguida ele emitia um grito. Um ensurdecedor grito. E assim a peça era devolvida a seu cativo lugar. Eis que um dia, o outro jogador decidira tentar algo diferente. Estendeu sua mão para pegar um cavalo e imediatamente o rival se posicionou, pronto para prazerosamente berrar e assustá-lo. A feição de vitória em seu rosto, já acostumado com a desistência do outro, era evidente. Todavia desta vez fora diferente. Ele persistiu e colocou a peça em seu devido lugar, ao fundo de gritos desesperados. E assim procedera. Peça, por peça. Obviamente não fora fácil. Ele tremia, algumas vezes exitava, contudo, persistiu até o fim. Ele entendeu que o rival se estabelecera na base do medo, da ameaça. Ele não faria nada além dos sustos. O letal era permanecer naquela mesma posição, vendo as horas passarem aos pulos, envelhecendo enquanto poeira cobria o tabuleiro e as peças. Algumas já estavam quase irreconhecíveis com o pesar do tempo. Porém agora elas estavam no lugar. Modificadas, mas no lugar.

Um som novo surgiu. O afastar da cadeira, rangendo contra o chão. Finalmente ele partiu. Alívio no peito. Mas e agora? Tanto tempo sem jogar que as regras foram esquecidas, ou soam incompletas. Ele soa enferrujado, mas sedento por jogar. E assim recomeçou, com regras atropeladas, funções alteradas, mas aos poucos ele está reaprendendo a se comportar e logo, assim esperamos, pronto para ser um adversário de respeito.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Vamos começar...

point of view

n. pl. points of view
1. manner of viewing things; an attitude.
2.
a. position from which something is observed or considered; a standpoint.
b. The attitude or outlook of a narrator or character in a piece of literature, a movie, or another art form.


Por  (MG) em 31-01-2013
Modo subjetivo de entender um assunto ou problema.

FONTES: The Free Dictionary, Dicionário Informal

POV, abreviação para "point of view"/"ponto de vista".

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Por muitos anos, minha ideia de mundo estava muito aquém de algo que poderia posivitamente impactar minha vida. Adoeci e desenvolvi hábitos que até hoje luto para me desvencilhar. Sedimentar um hábito ou costume, durante anos, e querer modificá-lo, não é tarefa das mais fáceis. Voce é o que come? Dizem que sim. Mas certamente voce é o que pensa de si próprio.

Não sei se posso me definir como um paradoxo ambulante, contudo, desde muito pequeno fui uma pessoa ambiciosa e com grandes planos. E não medi esforços para ir atrás, do meu jeito, do que almejava. Todavia, ao mesmo tempo, convivi com um lado perdido em devaneios e ideias. Lidar com essas duas entidades nunca foi fácil, entretanto, em certo ponto, o desequilíbrio fora gritante e passei a viver mais do futuro, sonhando acordado, do que a aproveitar o presente.

Ao menos aqui pretendo canalizar essa energia gasta com algo mais, digamos, substancial. Tem sido uma tarefa diária para estabelecer uma nova relação entre as faces objetiva e subjetiva. Ao menos agora sei que sou capaz. A sensação de descoberta, ou melhor, redescoberta, tem sido marcante. E se voce acha que pode encontrar aqui algo de interessante, sinta-se a vontade!

E desculpe-me o transtorno. "Estamos em reforma para melhor atende-los".